Autor: Regis Mesquita
Um homem chegou para o psicólogo e disse: “eu me acomodei e isto não é bom. Preciso mudar”. Ele avaliou que não estava satisfeito com sua vida. Pensou no que deveria mudar e percebeu que estava acomodado. Chegou à conclusão de que esta era a atitude causadora da insatisfação.
É muito comum esta avaliação e muitas vezes ela é correta. Se a pessoa possui uma vida vazia, a acomodação é uma postura terrível. Afinal, ela se acomoda em cima do nada.
O homem não tinha uma vida vazia. Ele cumpria muito bem todas as suas funções sociais. Tinha uma personalidade bem estruturada e administrava razoavelmente bem a sua vida. Uma vida bem estruturada é antes de tudo uma vida acomodada.
É fácil entender. Suponhamos que uma pessoa tenha prestado concurso para passar em um bom emprego. Ao conquistar o emprego é normal que ele se acomode neste trabalho. Pois toda situação requer de nós submissão, aceitação e acomodação. Sem estas qualidades seremos sempre pessoas que olham muito para o exterior e pouco olham para seu interior. (Atenção: acomodar não significa fazer mal feito o trabalho. Se ele fizer mal feito seu trabalho terá uma vida pobre de boas experiências.)
A acomodação em boas situações não tem problema nenhum. Pessoas que tiveram uma boa família e uma boa infância, tiveram um início de vida muito acomodada. A imensa maioria nunca pensou em mudar nada. Gastaram seu tempo brincando e cumprindo com suas obrigações. Só isso! Estas crianças descrevem suas infâncias como repletas de experiências positivas.
Outro exemplo: o rapaz adora jogar futebol. Faz cinco anos que todas as quartas-feiras à noite ele joga futebol. Está acomodado nesta ótima situação, que lhe proporciona lazer e melhor saúde. Porque mudar? Porque largar? É melhor se acomodar e aproveitar.
A vida boa e organizada é antes de tudo uma vida acomodada. Pois é a acomodação que valoriza a simplicidade e gera limites para desejos e vontades que afastam as pessoas das boas situações. A acomodação é uma forma de não complicar a vida. (Por exemplo: é simples, para o rapaz do exemplo anterior, ir jogar futebol. Se resolvesse não se acomodar e fosse jogar basquete teria várias complicações; a primeira delas é que gosta de jogar futebol. Melhor ficar acomodado e curtindo o que já faz e gosta.)(Para entender melhor esta simplicidade da acomodação, leia este texto )
Se o problema deste homem não estava na acomodação e nem na rotina que a acomodação ocasiona, onde estava?
O problema estava em algo muito importante para o espírito: a disponibilidade de troca.
É natural que a vida traga até nós uma série de situações, experiências, vivências, oportunidades, conflitos, etc. A disponibilidade de troca é a forma como nós recebemos o que vida nos oferece e o que ofertamos em retribuição.
A vida nos oferece uma infinidade de coisas. Saber recebê-las, saber percebê-las e saber valorizá-las é fundamental. Quanto menos julgamento, quanto menos desejo, quanto menos barreiras melhor. Mais clara e proveitosa é a recepção e o compartilhar.
A disponibilidade de troca é ampliada quando há o treino para o usufruto, para a aceitação e para a focalização (fruto da simplicidade – fator mínimo ).
A troca é que gera as mudanças e os movimentos necessários para que a vida não se empobreça. O homem estava sofrendo porque sua vida estava ficando pobre. Faltava a disponibilidade de troca.
O homem (do exemplo) que passou no concurso deve fazer o melhor possível para retribuir os benefícios que possui em seu emprego. É este interesse em fazer o melhor possível (a disponibilidade de troca) que gera a intensidade necessária para que a vida não empobreça.
Se ele não se esforçar, aos poucos tudo ficará difícil e com menos motivação.
Observe: o momento em que as pessoas desistem ou vão para o egoísmo é, na realidade, o melhor momento para cultivar os sentimentos e pensamentos mais nobres. Ou seja, oferecer o melhor, vencer a preguiça, vencer as desculpas, vencer o orgulho, vencer a vaidade. Dar o melhor de si em retribuição. Colaborar, cooperar, amparar, ajudar, criar belezas espirituais dentro de si. As pessoas desistem exatamente nos momentos mais propícios para que estas qualidades emanem de dentro para fora.
O homem que passou no concurso se esforçou para ser aprovado no concurso. É comum entrar e perder a motivação e o interesse em retribuir. Ele não oferece o melhor, com isto empobrece sua vida.
Oferecer muito, mesmo que receba pouco. Oferecer para permitir que o melhor de si venha para fora e você possa viver sintonizado com o que há de mais nobre no universo. Esta sintonia será a porta que abre para a vivência espiritual mais intensa.
Ou seja, se a pessoa joga bola ou gosta de correr, não precisa mudar seu esporte. Faça bem feito, agregue ajuda ao próximo, respeito, ternura, colaboração, compaixão, gratidão. A rotina dos exercícios (por exemplo) irá te gerar acomodação, é bom que seja assim. Esta organização vai facilitar seu desafio de manter-se sempre exercitando. Mas, será a disponibilidade de troca que permitirá que as experiências que daí surgirem sejam sempre ricas em bons aprendizados, boas sintonias, boas vibrações e que você viva um Fluxo positivo.
Regra: você precisa evitar o empobrecimento da sua vida. Você deve agregar à sua rotina pensamentos, interesses e sentimentos nobres. São eles que vão gerar um fluxo que te permitirá manter-se sintonizado com o mais nobre e ter uma vida interior rica de aprendizados. Será também a melhor forma de manter alta sua disponibilidade de troca.
Conclusão: intensifique sua vida gerando o melhor que puder. Agregue o que é nobre. Desenvolva sua sensibilidade porque esta é uma situação muito propícia para a abertura espiritual.
Autor: Regis Mesquita
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abr 09, 2013 @ 16:50:53
Regis,
conheci o blog Caminho Nobre e já me inscrevi para receber as mensagens por email. Seus textos são ótimos.
Julius
abr 09, 2013 @ 17:02:12
Julius, obrigado pelo incentivo. Quando receber os novos textos do blog, por favor, repasse-os para seus amigos e mande junto o endereço do blog.